Como eu e Nova Iorque nos conhecemos

Estive alguns dias a pensar como poderia descrever os seis dias que passei na cidade de Nova Iorque. Fiquei na dúvida se deveria publicar um roteiro ou simplesmente algumas imagens, uma vez que, Nova Iorque deve ser, provavelmente, a cidade mais esmiuçada em revistas, redes sociais, jornais ou documentários.

Mas Nova Iorque é uma cidade diferente. Eu apaixonei-me por ela no primeiro contacto. E quando a deixei, o coração apertou tão forte com o desejo de rapidamente a reencontrar. Até hoje não sei se a paixão foi mútua, mas prometi-lhe que voltaria brevemente.

Esta viagem foi, ao contrário de anteriores, pouco planeada. Talvez pelo facto de estar a viajar sozinho não tenha sentido a necessidade de colocar no papel um roteiro extremamente elaborado. Sendo a minha primeira vez a passear na “Big Apple”, assinalei apenas as principais artérias e órgãos vitais da cidade. Aqueles que obrigatoriamente o turista deve visitar quando lá põe os pés pela primeira vez. Achei que seria o suficiente para poder fluir tranquilamente naqueles dias.

A minha relação com Nova Iorque começou à saída da New York Penn Station, junto ao Madison Square Garden, o complexo de quatro arenas situado mesmo no centro da cidade. “Uau!” foi apenas o que consegui exprimir ao olhar à minha volta durante aqueles poucos segundos em que me senti um figurante num verdadeiro filme de Hollywood. Circulavam duas ambulâncias em sinal de emergência que furavam o trânsito na avenida em direcção a sul enquanto dezenas de táxis se desviavam em várias direcções apitando desesperadamente aos mais distraídos. Os prédios imponentes rasgavam o céu e o Hotel Pensilvânia ali estava, à minha frente, a dar-me as boas-vindas.

Escolhi o Club Quarters Hotel Opposite Rockefeller Center, na 51st Street, entre a 5ª e a 6ª Avenida para passar as noites. Optei por desrespeitar o orçamento que tinha feito e ficar alojado num hotel mais central que acabou por se tornar um grande facilitador no acesso aos vários pontos de interesse da cidade. Comprei antecipadamente o New York City Pass que facilitou bastante a entrada nas principais atracções, algumas das quais até com a possibilidade de “furar” algumas filas.

Às dezasseis horas do dia 9 de Março, com muita expectativa, iniciei a minha longa caminhada pelas ruas da cidade. Sons de martelos e brocas de prédios em construção misturavam-se com as buzinadelas de um taxista a um pobre coitado que não teve impulso suficiente para arrancar imediatamente ao sinal verde do semáforo. Ali havia pessoas de todas as raças e de todos os tamanhos. Circulavam formando micro multidões pelas grandes avenidas que cheiravam a cachorros quentes bem frescos, comida oriental e a kebab. Dos respiradores das ruas saía fumo como se a terra estivesse enfurecida. E nas ruas a brisa fria corria denunciando ainda a presença forte do inverno.

Nova Iorque deu-me tudo o que poderia dar. Foram dez as setas que o Cupido lançou naqueles dias. E foram dez as que me atingiram e me deixaram rendido àquela que é conhecida como a cidade de todos os sonhos.

As dez setas do Cupido:
1.
Dinâmica; 2. Cultura e Dimensão; 3. Espectáculo; 4. Pequenas Grandes Coisas; 5. Natureza; 6. Pôr-do-sol; 7. Doces; 8. Maravilhosas Panorâmicas; 9. Cenários de Hollywood; 10. Retorno ao passado de 11 de Setembro de 2001.

1ª Seta:: Dinâmica

Rockefeller Center
A pista de gelo do Rockefeller Center é uma das atracções da cidade de Nova Iorque. O Centro Comercial deste espaço dá acesso a um dos grandes arranha céus da cidade – Top of the Rock.
Times Square, NYC
Times Square, NYC | É sem dúvida um cruzamento surpreendente. Mas é muito mais pequeno do que aquilo que imaginei. Não obstante isso, voltei várias vezes a este espaço pois é sem dúvida mágico. Quer seja dia ou noite, a luz e a música imperam na praça mais famosa do mundo.

2ª Seta:: Cultura e Dimensão

(para ver a legenda basta passar o cursor pelas fotos)

O The Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque e o Museu Nacional de História Natural são dois pontos obrigatórios de passagem. Estão ambos incluídos no New York City Pass e localizados junto ao Central Park.

Num dos meus passeios pela cidade fui visitar a mais importante catedral de Nova Iorque, a Catedral de St. Patrick e, um pouco mais a sul, junto ao edifício Chrysler, senti as vibrações da hora de ponta na Grand Central Terminal.

3ª Seta:: Espectáculo

O Fantasma da Opera está em cena há mais de 30 anos. Comprei previamente o bilhete no site da Broadway. Foi, sem dúvida, o melhor musical que alguma vez assisti.

4ª Seta:: Pequenas Grandes Coisas

(para ver a legenda basta passar o cursor pelas fotos)

Existem sempre pequenas coisas que fui descobrindo nos vários dias que passei nesta cidade. No centro do bairro de Chelsea, encontrei o Chelsea Market, muito ao estilo dos actuais mercados da Time Out, mas criado num edifício ao estilo da nossa Lx Factory. Apesar de ter visitado apenas de passagem, acho que é um local óptimo para passar umas horas a comer.

Muito perto do Chelsea Market, encontra-se uma das extremidades do High Line, uma antiga linha ferroviária que foi transformada em jardim.

Na zona do Central Park podemos encontrar vários recantos simples, tranquilos e com muito simbolismo. Sendo eu um amante da Disney, não pude deixar de passar pela escultura dedicada à Alice no País das Maravilhas. Numa ponta oposta descobri um memorial a John Lennon – Imagine – num pequeno recanto do Central Park ao qual foi dado o nome Strawberry Fields. Numa cidade com um passado recente de tragédia não é difícil encontrar pequenos memoriais carregados de um simbolismo muito forte.

5ª Seta:: Natureza

Um passeio pelo Central Park é imperativo numa viagem a Nova Iorque. Sentei-me num destes bancos. Estão praticamente todos carregados de memórias gravadas numa pequena chapa cravada no banco.

6ª Seta:: Pôr-do-sol

Uma das melhores vistas da cidade do topo do Empire State Building
Uma das melhores vistas da cidade (fotografia tirada do topo do Empire State Building)

Esperei uma hora para poder apreciar esta maravilha da natureza assente sobre uma obra de arte criada pelo Homem. O pôr-do-sol em Nova Iorque é todo envolto numa mística única e nada fácil de descrever. Aconselho a ver para sentir.

Não é fácil encontrar um espaço no topo do Empire State Building a esta hora. O espaço enche-se de turistas, curiosos, locais, apaixonados, famílias para fotografar e viver este momento. Mesmo tendo subido ao topo com uma hora de antecedência, não foi fácil encontrar a melhor oportunidade para guardar uma memória fotográfica.

Manhathan ao pôr-do-sol
Manhathan ao pôr-do-sol com a Estátua da Liberdade ao fundo (foto tirada do cimo da Ponte de Brooklyn)

7ª Seta:: Doces

No cruzamento entre a 3ª Avenida e a East 60th Street, existe um espaço que deve ser visitado pelos adultos. Quem tem crianças, é melhor preparar-se para alargar os cordões à bolsa. A Dylan’s Candy Bar é uma loja de dois pisos inteiramente dedicado aos doces, gomas, pastilhas, rebuçados de todos os tipos, com vários sabores e intensidades. Aqui comprei chocolate com sabor a bacon, a batatas fritas e a pizza. Fica apenas a vinte minutos a pé do Rockefeller Center.

8ª Seta:: Maravilhosas Panorâmicas

Uma das grandes maravilhas de Nova Iorque são as panorâmicas da cidade, os recantos escondidos, os lugares mais apaixonantes. Subi ao Top of the Rock, no Rockefeller Center e, ao final do dia, ao Empire State Building para assistir ao pôr-do-sol. Hoje teria feito o contrário pois, em minha opinião, a vista do Top of the Rock é muito mais majestosa pois conseguimos, no mesmo ângulo de visão, observar praticamente todos os emblemáticos edifícios da cidade.

Aproveitei também o tempo para ir a Brooklyn, atravessando a ponte a quem dá nome para fotografar toda a área de Downtown. É simplesmente maravilhoso. Aproveitei também para fotografar a Washington Bridge de uma zona de Brooklyn que se chama Dumbo.

9ª Seta:: Cenários de Hollywood

Não é difícil circular na cidade sem encontrar um cenário de um filme ou série de TV. Aliás, estar em Nova Iorque é estar num autêntico filme de Hollywood. Ainda assim, decidi passar por alguns pontos que foram cenário de blockbusters. A casa de Carrie Bradshaw, da série “Sexo e a Cidade” e a New York Public Library, cenário do filme “O Dia depois de Amanhã”. Este último é merecedor de melhor destaque pela arquitectura do edifício e pela sua forma de funcionar moderno-clássica.

10ª Seta:: Retorno ao passado de 11 de Setembro de 2001

“No day shall erase you from the memory of time.”, Virgil.

É com esta frase que o Museu dedicado ao 11 de Setembro de 2001 nos faz pensar o quão o ser humano pode ser cruel. Todos nós temos uma pequena história para contar na altura em que tudo aconteceu. Aqui revivemos um passado recente, marcante, trágico. Em determinados momentos da visita acaba por ser difícil acreditar no que aconteceu de facto, tal foi a monstruosidade ali criada.

Apesar do bilhete estar incluído no New York City Pass, adquiri o audioguia por mais 7 dólares e que se revelou uma grande mais valia em toda a visita.

Carregada de simbolismo, a única árvore com vida que foi encontrada por debaixo dos escombros das torres gémeas está situada na praça do memorial. É fácil encontrá-la pois é a única que tem uma vedação.

A Árvore da Vida
A Árvore da Vida – A única árvore sobrevivente aos atentados do 11 de Setembro.

Aqui está representada a força de vencer e a força de viver de muitos milhares e, especialmente, dos catorze sobreviventes que foram encontrados nos escombros das torres.

Muito mais haveria a dizer sobre Nova Iorque. Mas mais do que dizer, valerá a pena descobrir e sentir Nova Iorque. Por isso prometi que voltaria em breve.

Voltarei para fazer tudo de novo e mais qualquer coisa. Tenho a certeza que Nova Iorque estará diferente da próxima vez que a vir. Ainda assim creio que estará bela, dinâmica, musical, como hoje… até lá, continuará para mim a ser… A CIDADE.

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