No passado dia 12 de Março o Mucifal recebeu o 3º Trail da Costa Saloia. Uma prova que, à partida, parecia ter todas as características para ser um desafio mais fácil que os anteriores. Mas caí numa inesperada armadilha.
9h45 e o sinal de partida mal se ouviu. Mas não comprometeu a partida do grupo de quase 350 runners.
O primeiro quilómetro cumpriu-se a um ritmo acima do normal, o que fazia prever uma prova tranquila e com expectativas elevadas para alcançar o objectivo já delineado: terminar os 23km em menos de 3 horas.
Mas, a perna esquerda começou a dar sinais de querer pregar uma valente partida. Uma pequena dor muscular na parte lateral da perna esquerda começou a tornar-se bastante forte que, a cada impacto do pé no chão, fazia chiar qualquer fibrocélula daquela zona. A cada cem metros a dor tornava-se mais insuportável, de tal forma que fui obrigado a reduzir o ritmo da passada e a perder algum tempo. Tinha consciência de que, caso conseguisse continuar, aquele tempo perdido ser-me-ia fundamental no cumprimento do objectivo que previamente tinha definido. Mas enfim, a minha passada já era mais característica de passeio do que de corrida e na minha cabeça já se escrevia a palavra “desistência”.
Mas porquê? Um percurso em linha recta que parecia tão simples tornou-se para mim bastante complicado.
“Desiste, continua, desiste, continua…”
Três quilómetros depois, a perna começou a melhorar e a dor tornou-se suportável. Recomecei devagarinho a passada. Já tinha perdido cerca de 10 minutos. Naquele momento já não podia desistir.
E foi a decisão mais acertada.
E a dor já era.
Consegui terminar a prova em 2h54min. Objectivo cumprido.
A organização pecou em dois aspectos: algumas falhas nas marcações que levaram alguns runners ao engano durante alguns metros (incluindo eu) e fracos abastecimentos. Quanto a este último ponto, não me parece justificável a utilização de copos de plástico com água. O vento estava forte e muitos copos voaram perdendo-se no meio da vegetação.
E o que aprendi neste trail? Aprendi que somos mais fortes que o nosso corpo. Que devemos saber ouvi-lo e senti-lo. Não baixar os olhos e não nos deixarmos enganar. Responder-lhe da melhor forma possível. Afinal, o que o meu corpo queria era um bom aquecimento prévio. Prometi-lhe que da próxima vez não me esqueceria disso.